terça-feira, 2 de setembro de 2008

Livre - Arbítrio - Santo Agostinho


Gilberto Alexandre da Luz.

Pretendo com esse trabalho comparar a expressão “LIBERDADE E LIVRE ARBÍTRIO”. O presente tema sugere que liberdade e livre arbítrio são duas coisas distintas. Pois curiosamente a discussão sobre a existência ou não de nossa própria liberdade terminará por discutir se Deus, caso exista tal ser responsável pelo universo que vivemos também é livre, ou se está subordinado à sua própria onipotência como um ente eternamente condenado a um congelamento existencial imutável, atributo recorrente da perfeição. Também é um apelo a existência a liberdade e Livre Arbítrio, mas quero defender e justificar que a liberdade é nosso dom precioso, e que acreditar nela é mais sensato e preferível a crer que somos objetos de um determinismo cósmico, de um destino, quer seja intencional ou não.
O segundo objetivo é obter maiores conhecimentos deste que foi um grande Homem para a Igreja e também atender uma das exigências do programa de aprendizagem de História da Filosofia medieval, ao qual me remeto na análise do livro o Livre Arbítrio, de Santo Agostinho, talvez um dos maiores escritos sobre esse tema já realizado em toda a história, fazendo uma síntese de toda esta obra. Portanto, não é minha intenção ao realizar este trabalho se desfazer das idéias que por ele foram experenciadas, e sim contribuir com uma outra leitura acerca do que ele trata neste livro. Por não ter todo esse conhecimento sobre Santo Agostinho, não me atreveria escrever um tratado, e sim algo do que já pude ler sobre ele, e essa leitura ainda é muito pouca e se limita em Confissões, Livre Arbítrio, A verdadeira religião etc. Porém, desejo com este trabalho aprofundar ainda mais meu conhecimento sobre Santo Agostinho, este que foi um Santo muito importante para a história da Igreja no Século III. É também meu objetivo durante a graduação em filosofia nesta academia, aprofundar o estudo agostiniano e desenvolver meu trabalho de conclusão de curso em Agostinho. Pretendo trazer acerca deste tema proposto: Liberdade e Livre Arbítrio uma reflexão nova, dentro de meu entendimento, evidente que o primeiro passo é deixar claro o significado destes termos: Liberdade e Livre Arbítrio. Partindo do pressuposto que este assunto já foi tema de muitos trabalhos acadêmicos e teses de doutorado, mas parto da idéia de que cada um tem sua forma de interpretar, por isso, julgo ao mesmo tempo um desafio para um iniciante na filosofia começar seus estudos filosóficos em um grande Santo da Igreja e que muito contribui para a quebra de muitos paradigmas que precisavam ser quebrados, não que eu vou escrever uma grande tese, mas dentro de minha capacidade intelectual, na simplicidade e humildade desejo levar o leitor a uma perspectiva diferenciada do pensamento de Santo Agostinho. Como já mencionei o principal estudo deste filósofo tem como intenção uma desmistificação de conceitos que acabam interferindo na vivência do homem como ser amado e especial aos olhos de Deus. Na verdade Santo Agostinho procura justificar a existência do mal como algo funcional, ou seja, o mal no preenchimento do estado mental pode ser capaz de inspirar o homem a colocar toda sua confiança nas coisas materiais e no prazer do corpo, em contra ponto a Deus que é a bondade absoluta.
Ora, este rompimento pessoal com Deus é também prejudicial em todas as outras dimensões humanas. O homem acaba perdendo-se nas tentações e nos pecados que mais denigre a imagem primeira, a de ser filho de Deus. Na medida em que a alma foi criada por Deus para reger o corpo, e o homem, fazendo mal uso da sua liberdade, inverte essa relação, subordinando a alma ao corpo e caindo no pecado e na ignorância. Sendo assim a alma acaba por aniquilar-se. Deste modo, o próprio pecado passa a ser uma força que atuou sobre si e o fez agir assim. Depois de sua conversão, Agostinho reconhece que o ato de pecar depende de cada um, bem como a verdade está em nosso interior.
Para Agostinho a existência da vontade livre (Liberum arbitrium) jamais chegou a ser um problema. Trata-se, a seu ver, de uma verdade primária e evidente, e, portanto incontestável. Temos consciência de nos determinarmos a nós mesmos e de sermos responsáveis por nossos atos. O problema propriamente agostiniano diz respeito ao uso dessa vontade livre, bem como ao seu valor e a sua bondade. Qual a razão de ser da vontade, e como conquistá-la à perfeição na liberdade?

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